Em livros de numerologia, o 11 é tido como um número inspirador, criativo, intuitivo, artístico e espiritual. Mas o livro de Hajo Banzhaf, “Simbolismo e o significado dos números”, mostra outros aspectos bem peculiares desse número mestre.

*Números mestres são formados por um mesmo dígito que se repete, por exemplo: 11, 22, 33, 44, 55… 99, 101, 202, 303…

Hajo Banzhaf (1949-2009) foi o astrólogo e especialista em Tarô mais conhecido da Alemanha. Após estudar Filosofia e seguir carreira como bancário durante 12 anos, passou a trabalhar, a partir de 1985, como escritor e astrólogo, além de ministrar cursos e seminários especializados em Astrologia e Tarô.

Sobre o 11, ele conta:

“A palavra Elf (onze, em alemão), originou-se da palavra ‘einlif’ do alto alemão, que significa ‘um além’, ou seja, um a mais que o dez. Nisso reflete-se também uma parte do seu simbolismo. O 11 é considerado o número do pecado, pois é um número a mais que os Dez Mandamentos, e com isso simboliza a transgressão da ordem divina. Ao mesmo tempo, ele é menos que o perfeito 12 e, portanto, símbolo da imperfeição. Disso nos lembram os labirintos de onze voltas nas igrejas, como o do chão da Catedral de Chartres. O visitante entra nesse símbolo de confusão pelo Oeste, local onde o sol se põe (= fim do mundo e o juízo final) e na busca pelo (seu) centro, caminhando pelas onze voltas, toma consciência da sua imperfeição e culpa. Além disso, o 11 adverte que a última hora já se iniciou.

O 11 tem também um significado singular na Cabala. O seu símbolo central é a Árvore da Vida, que mostra como o divino desdobra-se em dez emanações neste mundo. Existe, porém, também, uma décima primeira misteriosa Sephira. Ela é chamada de “Daath” e é considerada símbolo do fruto proibido, que Adão e Eva comeram no Paraíso.

Onze também é a diferença entre os 365 dias do nosso calendário e os 354 do calendário lunar. Um antigo conto relata a sua origem pecaminosa e explica como o calendário egípcio, no ano de 4241 a.C., passou de 360 para 365 dias:

Naquele tempo em que todos os anos ainda tinham 360 dias, o sublime deus Sol Rá amaldiçoou sua esposa Nut, a mãe dos deuses, por ela o trair constantemente com diversos amantes. Ele jurou que os frutos desses deslizes não nasceriam nem sob o seu domínio, nem sob o domínio da Lua – ou seja, nem de dia, nem de noite; nem durante o mês, nem durante o ano.

O grande Thot, um dos seus amantes, soube disso e planejou um modo de ajudá-la. Ele partiu a caminho da deusa da Lua, Selene, para quem as horas do dia eram bastante longas, com um jogo de tabuleiro que acabara de inventar. Thot sugeriu a ela jogar com ele para passar o tempo, e a convenceu a apostar nesse jogo a septuagésima segunda parte de um ano (360 : 72 = 5 dias). Eles jogaram durante todo o dia. Às vezes a sorte pendia para a deusa da Lua, e às vezes para o inventor do jogo. Porém, ele não seria o grande Thot, ao qual os gregos chamavam de astuto, se, ao final desse jogo, ele não tivesse vencido com uma grande jogada. Assim, ele tomou cinco dias da ingênua deusa da Lua, correu para o horizonte, desprendeu o laço do ano velho e colocou, naquele lugar, cinco novos dias. Por eles não estarem sob o domínio do Sol nem da Lua, Nut pôde dar à luz um cada um desses dias. Dessa maneira, o pecado (consequência do seu deslize) veio mesmo ao mundo. Porém, o lugar onde Thot cortou o laço do ano velho é o instante no qual a estrela cão, Sirius, é vista pela primeira vez no ano. Esses dias são chamados, até hoje, de “dias de cão”, os dias mais quentes do ano. Desde aquele memorável jogo, o calendário passou a ter 365 dias. Contudo, os cinco dias que Selene perdeu encurtaram o seu ano lunar para 354, pois ele é contado em noites.

Portanto, o 11 representa o tempo entre os anos. Esse é um período de tempo fora do comum, como é conhecido em várias culturas. Um tempo ao avesso no qual as relações normais ficam de cabeça para baixo. Nesse tempo entre os tempos, reina uma espécie de “anarquia ritualística”, na qual a pessoa civilizada permite-se esquecer de si mesma para reunir-se às forças anárquicas das quais ela se originou. As festas Saturnálias dos romanos, nas quais o senhor virava escravo e o escravo virara senhor, refletem esse mundo ao avesso da mesma maneira que outros dias loucos. O que restou disso até os dias de hoje foi o Carnaval, que na Alemanha começa no dia 11 do 11 às 11 horas e 11 minutos, e é dirigido por um grêmio de onze pessoas. Essa tradição remonta à 11/11/1391. Depois de ter caído no esquecimento, ela foi reavivada no início do século XIX. Todavia, naquela época atribuía-se ao 11 outro simbolismo. No espírito da Revolução Francesa, que naquele tempo alastrava-se pela Europa, a palavra ELF – o onze, na Alemanha – era interpretada como uma abreviatura da famos divisa:

E = egalité (igualdade), L = liberté (liberdade) e F = fraternité (fraternidade).

Mesmo não se tratando de um interpretação de simbolismo numérico, é interessante observar como esses temas refletem-se em Aquário, o décimo primeiro signo do Zodíaco. Sendo o signo oposto a Leão, que corresponde ao arquétipo do rei, Aquário personifica o seu alter ego e antagonista. Nos primórdios das cortes reais, o Bobo da Corte era o único que podia dizer a verdade ao rei. Com o advento da era moderna, o rebelde, o revolucionário, é que passou a reclamar os direitos básicos democráticos.

No Tarô, a FORÇA – décima primeira carta dos Arcanos Maiores – mostra a domesticação suave do leão. Por ele personificar o nosso lado selvagem e com isso – na perspectiva da igreja – a natureza pecadora dos homens, a ideia do 11 está bem representada nessa carta. No Tarô de Rider, contudo, a FORÇA foi trocada pela JUSTIÇA e colocada no oitavo lugar, que tem menos relação com o seu simbolismo numérico. Por outro lado, o oito ‘deitado’ no Tarô de Rider – que no Tarô de Marselha fica escondido por baixo do chapéu – mostra a união bem-sucedida, duradoura e harmônica do homem civilizado (mulher) com a sua natureza animal (animal). Encontra-se aí também mais um significado importante do 11, que deve fazer com que os amantes do futebol façam as pazes, finalmente, com o simbolismo desse número, que é tão importante para eles. O 11 é considerado o número da maestria, demonstrado nessa carta pelo domínio das forças instintivas de um modo magistral, que permite até que se conduza o leão com uma coroa de flores.

Do livro “Simbolismo e o Significado dos Números”, de Hajo Banzhaf.

 

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