Tenho recebido textos longos e bravos em várias redes sociais com críticas à expressão “Sagrado Feminino”. Críticas à expressão em si e à suposta banalização do movimento nos últimos anos, como se tivesse perdido sua pureza original com toda essa popularização.

Sabe, eu acho lindo que o Sagrado Feminino se popularize, que crie novas formas, novas roupagens…Até mesmo que se “prostitua”, como já ouvi dizer.

Como assim, Paula?! Que se prostitua??
Vou explicar.

Não me incomoda a ampliação e o ilusório “descontrole” dos usos e interpretações da expressão “Sagrado Feminino”. Vejo esse debate como oportunidade de esclarecer mais e ir além no acolhimento das diferenças. Digo das diferenças bem diferentes mesmo, sabe? Principalmente daquelas formas e jeitos que não fazem meu estilo, mas que fazem o de tantas outras pessoas.

Vejo a “popularização” como parte do processo de expansão dessa antiga consciência feminina que vem voltando à cena, renovada, depois de mais de 3.500 anos de patriarcado padecendo reprimida em nossos porões escuros.

Podemos aproveitar o debate sobre o uso da expressão, das práticas e dos saberes femininos ancestrais por “qualquer” pessoa, de “qualquer” jeito e a “qualquer” preço (cobrado ou não) como oportunidade de acolhermos em nós as diferenças de estilo, entendimento, interpretação, comportamento, forma, profundidade, comercialização das trocas (ou não) sem a necessidade de condenar. Veja, não há o que condenar, são só formas. Formas que compõem a diversidade que somos (interna e externamente, individual e coletivamente).

A essência do resgate e fortalecimento da energia feminina na humanidade vai tão além das palavras e das formas. É tão sutil e ao mesmo tempo concreta, pois se dá tão mais nas atitudes do dia a dia do que no debate; tão mais na intenção e presença como escolhemos nos relacionar com todos os seres (humanos ou não) do que em visões e opiniões teóricas. E sempre limitadas.

Em essência, o resgate da energia feminina (que também pulsa nos homens) nos pede mais acolhimento, conexão entre mente e coração, atenção aos nossos sentimentos e intuição, mais inclusão, mais compaixão, mais amor afinal. E menos crítica.
Ok. Mas como?
A mente não dá conta de conter o feminino (yin). Em algum momento essa energia lunática e venusiana vai extravasar por um simples gesto, um olhar profundo nos olhos, um sorriso espontâneo, um abraço aconchegante, um toque carinhoso ou um grito de “Chega!”… Uma atitude espontânea qualquer impulsionada pela alma. Aí então você vai saber, vai sentir o sagrado feminino e perceber sua potência.

“Sagrado” não tem a ver com criar mais classificações e separações, mas com expressar a espiritualidade do seu jeito único. Somos seres espirituais comprimidos em um corpo humano. Todos somos sagrados. Expressamos nossa essência espiritual na prática, no dia a dia, pelo jeito e intenção com que nos relacionamos com as pessoas (especialmente com as que não conseguimos compreender racionalmente). Expressamos nossa espiritualidade através da qualidade de atenção e presença que colocamos nas relações, situações e escolhas cotidianas, que tecem nossas vidas por aqui.

Sagrada é a oportunidade de estarmos encarnados na dualidade como seres humanos, criaturas criadoras, experimentando a diversidade e aprendendo sobre o amor em suas infinitas formas… e além delas.

Ahá! 😉

Paula Diniz

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